A moda em si, traz significados históricos no bojo de sua formação. Todo movimento que inclui cultura, arte, dança e literatura e outros elementos, tem o seu lugar no mundo que remete às suas origens e na sua formação, de forma que não descaracterizá-lo e nem perdê-lo no decorrer de suas adaptações. Assim é o uso do turbante, o lenço de tecido, de cores lisas ou estampadas, que com suas diversas formas de amarrações, carrega consigo a força da sua ancestralidade.
Para quem não sabe, o turbante é uma indumentária usada em várias culturas no mundo, mas no Brasil ela ganha destaque através dos negros africanos, resgatado pelo uso das baianas, como parte integrante do seu traje, remetendo ao respeito às ancestralidades.
Para nós brasileiras, herdeiras da cultura afro, o turbante significa o símbolo da nossa história (anterior à 1888), das nossas crenças e principalmente da valorização da nossa beleza e cultura, tão negada e muitas vezes invisibilizadas para não atribuir veracidade ao que a história e a atual conjuntura mostram sobre elas.
Onde o turbante surgiu?
Perguntamos, mas há fontes que nos levam desde a criação do Islamismo à cultura indiana, onde ambas tem um forte significado religioso e de maturidade/elevação espiritual e também de identificação de classe social. No contexto africano também não é diferente: ele está diretamente ligado ao sentido religioso sim, mas também ao significado social que remete a valorização da nossa história, com o reconhecimento das nossas lutas e o que significa carregar ainda hoje no sangue e na pele as amarras deste processo socio-histórico e que até hoje ainda lutamos pelo reconhecimento social, enquanto um direito à preservação da nossa cultura, dos nossos valores, sem sermos ridicularizados e sim respeitados por nossa inserção.
Portanto, o turbante é mais do que a beleza nua e crua propõem, mas principalmente o reconhecimento do significado cultural e histórico do negro no Brasil, do seu processo histórico, e principalmente da história de lutas e da construção de ser visto e respeitado em sua integralidade.
A questão não é quem usa ou deixa de usá-lo, mas a questão é usá-lo de forma consciente lembrando que o seu uso pode significar a valorização desta cultura e reconhecer seu significado ou negar esta cultura e apropriar-se dela ilegitimamente.